El palenque de cada día
El palenque de cada día
«El palenque ("quilombo" en portugués) de los negros y los blancos, de los indios y los amarillos, de los prácticos y los soñadores, de los que no se rinden a la ferocidad del mercado, de los que quieren repartir el trabajo y la esperanza, el pan y la invencible alegría de este pueblo de raíz negra, de negra danza, de negra belleza... Unificando, en un río de memoria, sangres derramadas, razas y sueños, y las voces de negros, indios, profetas, los forjadores del Pueblo, para levantarlas a los oídos indiferentes...».
Na cuia das mãos
trazemos o vinho e o pão,
a luta e a fé dos irmãos,
que o Corpo e o Sangue do Cristo serão.
O ouro do Milho e não o dos Templos,
o sangue da cana e não dos Engenhos,
o pranto do Vinho no sangue dos negros,
o Pão da partilha dos Pobres libertos.
Trazemos no corpo
o mel do suor,
trazemos nos olhos
a dança da vida,
trazemos na luta
a morte vencida.
No peito marcado
trazemos o Amor
Na Páscoa do Filho,
a Páscoa dos filhos,
recebe, Senhor
Trazemos nos olhos,
as águas dos rios
o brilho dos peixes
a sombra da mata
o orvalho da noite
o espanto da caça
a dança dos ventos
a lua de prata
trazemos nos olhos
o mundo, Senhor!
O som do atabaque
marcando a cadência
dos negros batuques
nas noites imensas
da África negra
da negra Bahia
das Minas Gerais
os surdos lamentos
calados tormentos
acolhe Olorum!