Alia Mondo Eblas Comunicação democrática para outra mundialização

Alia Mondo Eblas
Comunicação democrática para outra mundialização
 

José Antonio Vergara


A atual etapa do processo de acumulação a uma escala mundial se expressa na esfera do simbólico atra-vés de uma enorme pressão que tende à McDonaldização do mundo, quer dizer, a nefasta uniformização cultural à Hollywood, devastadoramente empobrecedora e alienan-te em um âmbito crucial para a reprodução da vida humana. Neste marco, a hegemonia avassaladora do Inglês como língua quase oficial da globalização capitalista é simplesmente o correlato lingüístico da dominação unipolar observável em todos os demais planos (econômico, político, militar, etc.). Desde a perspectiva do «pensamento único» e a mercantilização generalizada , é natural, eficiente e desejável que o idioma do mercado mundial se vá deslocando e expul-sando todos os demais da esfera social e economica-mente significativas, tais como a ciência e a educação. As etnolínguas que ainda não desapareceram, ficarão progressivamente relegadas ao uso íntimo, doméstico, sem oportunidades reais para o desenvolvimento de suas respectivas terminologias científicas, por exemplo.

Esta gravitante dimensão da globalização atual reproduz a escala ampliada ainda que sem extermínio físico evidente, a violência dos processos anteriores de genocídio lingüístico e cultural que as expansões impe-riais e a criação subseqüente dos Estados-nação artificial e forçadamente homogêneos representaram para os povos autóctones de todo o mundo, empregando agora a seu favor a eficácia das novas tecnologias da informação e da comunicação, e particularmente a arbitrariedade cega e destrutiva das forças do mercado, que como é evidente privilegia sempre os poderosos. Se produz assim uma distribuição injusta e desigual do acesso a alfabetização e a aprendizagem de línguas, assim como uma «espontânea» predileção pelo estudo excludente do Inglês, glorificado em todo o mundo como ferramenta para participar do mercado global. E isso cria uma florescente indústria acadêmica em benefício das economias dos países centrais anglófonos, e gera uma nova ferramenta de dominação elitista no resto do mundo: a apreciada posse desta «chave» por parte das minorias que controlam econômica, cultural e politica-mente a seus respectivos países.

Neste cenário mundial de capitalismo neoliberal, o ataque mortífero contra a diversidade lingüística é equivalente ao que sofre a biodiversidade em seu feroz poder de extermínio. Os povos indígenas são os mais afetados, ao serem portadores da maior parte da diver-sidade lingüística e cultural: mais de 80% das aproxima-damente 6.500 línguas se falam em único território, e em média não tem mais de 5.000 falantes. Em contraste, mais da metade dos Estados são oficialmente monolín-gues e seus sistemas educacionais formais excluem o ensino das línguas indígenas. Se continuar esta evolu-ção, mais de 90% das línguas orais se perderão rapida-mente no decorrer dos próximos 100 anos.

Frente a este paradigma dominante de homoge-neização culturalmente genocida, de crescente monolin-güismo e do domínio das hierarquias lingüísticas exclu-dentes e injustas (ex. privilégios automáticos dos falan-tes nativos do inglês em prejuízo dos demais habitantes do planeta), o ativismo por uma mundialização alterna-tiva e solidária abre espaço para a emergência do plane-ta alternativo, o da «linguoecologia» (ecologia das línguas) e a luta pelos «direitos humanos lingüísticos», pela livre identificação com a língua materna e pela preservação das entidades pessoais e coletivas a ela ligadas.

Precisamente o processo de constituição da sociedade civil mundial como sujeito para a construção de uma ordem planetária mais justa, humana, ecologica-mente responsável e solidário, o Esperanto surge como um elemento que pode facilitar a comunicação não mercantilizada e, «em pé de igualdade”»entre todos os povos do mundo. O movimento pela língua Esperanto tem acumulado uma rica experiência em seus quase 120 anos de uso prático, facilitando o contato e os intercâm-bios culturais sem subordinação entre pessoas que falan-tes de idiomas diversos entre si, tendo estado particular-mente ligado a anteriores impulsos de internacionalismo emancipatório, tais como o movimento pacifista e as diversas correntes do movimento operário. Alia Mondo Eblas (Um outro mundo é possível )...

Seu caráter estritamente fonético, e sua gramá-tica completamente regular –livre de exceções– facilitam enormemente o aprendizagem e o uso autônomo do Esperanto por parte de qualquer homem ou mulher que decida explorar seu potencial, em contraste com o esfor-ço (geralmente com pobres resultados) que deve prestar-se ao estudo de qualquer etnolíngua. Si bem que o léxico do Esperanto está tomado fundamentalmente do grande tronco indo-europeu, sua estrutura morfológica e sintá-tica se aproxima às línguas «aglutinantes» (como as turco-tártaras) e «ilhantes» (como o chinês e o thai), sintetizando assim uma genuína universidade. Como exemplo dos dispositivos que facilitam sua incorporação prática, pode mencionar-se que os verbos em infinitivo terminam sempre em i, os substantivos em o, os adjetivos em a, e os advérbios em e. Assim, a palavra patro significa padre, patra é o adjetivo dessa mesma idéia (paterno/a) e patre o advérbio correspondente (paternalmente). Amável leitor, se em nossa língua castellana o substantivo do verbo sonhar é «sonho», porém o substantivo é... «onírico». Em Esperanto é muito mais fácil: respectivamente songhi, songho, songha... O mecanismo desta língua interétnica facilita a aquisição e o uso livre, flexível, criativo e autônomo do arsenal léxico.

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-Página-rede geral, com laços: www.esperanto.net

-Associação Esquerda e Esperanto: satenhispanio.eresmas.com

-Federação Espanhola Esperanto: www.esperanto-es.net

-Comissão para as Américas da Associação Mundial de Esperanto: www.ameriko.org (permite encontrar facilmente a página-rede dos esperanto-falantes organizados em cada país).

-Cursos (existem muitos mais):

www.lernu.net

www.cursodeesperanto.com.br

esperanto.org/espviva/ev_es/utf-8/unik/index.html

www.geocities.com/sue_hess

www.institutoesperanto.com.ar

Dicionário cast-esperanto: luisguillermo.com/diccionario

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José Antonio Vergara

Santiago de Chile