Com Pedro Casaldáliga

 

Ranulfo Peloso

  1. A nova presença de Pedro preenche sua ausência. Ao ler mais de cinquenta testemunhos vigorosos sobre ele, construí uma síntese dessa oração. Pedro, ao voltar à Plenitude de onde saiu, se espalha e rompe o limite de um corpo. Assim, torna-se um dever cultivar a memória desse mártir que, a exemplo do Mestre, se entregou pelo Reino e, por isso, se tornou bem-aventurado.    
  2. Sua grandeza foi fazer-se pequeno e encarar os desafios do seu Combateu o bom combate e guardou a Esperança como um ato de rebeldia. Frágil, agigantava-se e incendiava, com a voz de trovão e língua de profeta. Nele, a palavra era também ação.

Ser o que se é

Falar o que se crê

Crer no que se prega

Viver o que se proclama

Até as últimas consequências.

  1. Pedro deixou o povo maior. Ele se espraiou, se multiplicou e continua nessa gente com anel de tucum, crentes na construção do novo tempo, aqui e agora. Tornou-se símbolo de compromisso com as causas do povo e, nisso, brilha de forma mais intensa. Foi pedra no caminho da ditadura e de seus sócios, na iniciativa privada e, por isso, foi tantas vezes ameaçado.
  2. Era apenas Pedro. Não fez caso de títulos e cargos. Não foi bispo recebido de joelhos, porque ajudou o povo a se levantar, a reagir e erguer santuários aos que sangraram nas mãos dos poderosos. Foi também pedra na edificação da Igreja na Amazônia. Em muitas dioceses, nunca seria aceito nem para ser coroinha de paróquia, quanto mais padre ou bispo!
  3. Casaldáliga ajuda a integrar a dimensão carismática da fé sem dicotomia, com o caráter subversivo e politicamente revolucionário do Evangelho. Conseguiu, pela denúncia intrépida, pelo testemunho arriscado, pela profecia inconveniente, pela poesia cortante, pela mística e pela espiritualidade, contagiar uma multidão de missionários... Foi fiel ao Deus de todos os nomes, de todos os povos e nações, acima de igrejas e religiões.
  4. É fácil matar um profeta que incomoda: torná-lo santo, citar suas palavras, deturpar suas ações, esquecer o que semeou e repartiu com os mendigos da felicidade. É um dever ecoar seu nome entre os vivos, para que sua memória não desapareça. Vive, ao se falar seu nome; morre, ao matar seu testemunho; se imortaliza, ao tornar-se inspiração e referência para novas gerações.
  5. Enterrado, num obscuro cemitério, não será mais visto, ouvido, tocado...Ele que,

 “para descansar

só queria uma cruz de pau

com chuva e sol

sete palmos de chão

e a Ressurreição”.

Se já não está entre nós, é porque estará em nós... Suas palavras e testemunho permanecem. Pessoas assim não morrem, não podem morrer. Pois, não há dúvida, atingiram a imortalidade.

 

O Testemunho de Pedro Casaldáliga nos desafia:

  1. Leia as mensagens e poemas que falam de Pedro – tanto os que estão nesta sessão, como de outros de seus escritos.
  2. Ao ler, destaque as passagens que mais o tocam...
  3. Com elas, elabore um testamento, que inspire sua prática.

 

Um exemplo desse exercício

  1. A grandeza de Pedro foi fazer-se pequeno e encarar os desafios do tempo que lhe foi dado para viver. Combateu o bom combate, guardou a Esperança que é sempre um ato de rebeldia. Aquele homem frágil agigantava-se e incendiava a sala com sua voz de trovão e língua de profeta, consciente que só a palavra não basta se ela não se faz ação. Pedro deixou o povo maior, se multiplicou, continua nessa gente com o anel de tucum, crentes na construção do novo tempo, aqui e agora. Este símbolo de compromisso com as causas do povo, brilha de forma mais intensa. Foi pedra no caminho da ditadura e seus sócios na iniciativa privada e por isso tantas vezes ameaçado.
  2. Por ser apenas Pedro, não foi bispo recebido de joelhos, ajudou o povo a se levantar, a reagir e erguer santuários aos que sangraram. Foi também pedra, edificou-se a igreja na Amazônia, foi pedra no sapato. Denúncia intrépida, testemunho arriscado, profecia inconveniente, poesia cortante, mística e espiritualidade... Fiel ao Deus de todos os nomes.
  3. É preciso ecoar seu nome na boca dos vivos para que sua memória não desapareça. Viverá ao se pronunciar seu nome, morrerá ao morrer suas testemunhas... se imortalizará ao ser inspiração e referência para novas gerações.