Em 2015 quase 40 milhões de Latino-americanos

Em 2015 quase 40 milhões de Latino-americanosviverão na pobreza extrema


Washington, 20 de abril de 2006 (EFE) – A América Latina não cresce o suficiente para eliminar suas enormes bolsas de pobreza, segundo um novo informe do Banco Mundial, que diz que em 2015, 6,2% da população da região viverá com menos de um dólar por dia.

A porcentagem, equivalente a 38 milhões de pessoas, se situará acima dos 5,7% estabelecidos nos “Objetivos do Milênio”, das Nações Unidas. Esta iniciativa da ONU, que 189 países assinaram no ano de 2000, nasceu com a intenção de reduzir à metade a pobreza extrema em 2015 frente aos níveis de 1990 e persegue também objetivos como a educação primária universal e a redução da mortalidade infantil.

Segundo o “Informe Mundial de Monitoramento 2006”, anual do Banco Mundial (BM), publicado em abril de 2006, que avalia o progresso na execução dos Objetivos do Milênio, a redução da pobreza na América Latina foi de menos de 1% entre 2002 e 2005.

A situação é especialmente difícil para os países com menores rendas, como Bolívia, Honduras e Nicarágua, que crescem abaixo da média e terão mais problemas para eliminar a pobreza extrema.

A América Latina fica, assim, atrasada diante das outras partes do mundo, que já superaram o objetivo de redução da pobreza.

Nessa situação está a região do Leste asiático e do Pacífico, que reduziu a “pobreza extrema” – o número de pessoas que vive com menos de um dólar por dia – de 29,5% em 1990, para 11,6% em 2002, e espera que a cifra baixe a 0,7% para 2015.

Porém, nem todas as notícias são más: a América Latina está a caminho de cumprir alguns dos “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, como a educação básica universal, a redução da mortalidade infantil em 2/3 para 2015, e a igualdade de gênero na educação primária e secundária, ou seja, o acesso à educação do mesmo número de meninos e meninas.

A análise do BM cita como exemplo de maiores oportunidades da mulher o caso da Argentina, onde o emprego feminino em setores não agrícolas alcançou 48% em 2003 (último ano com cifras disponíveis), frente os 36% de 1990.

O Peru reduziu a mortalidade infantil de 80 crianças falecidas antes dos cinco anos por 1000 nascimentos de 1990, para 29 mortes em 2004.

Nenhum país da América Latina conseguiu baixar o índice de novos casos de Aids, ainda que o BM aponte que a epidemia no Haiti, uma das mais antigas, parece ter alcançado um ponto de inflexão.

Mesmo assim, a cifra de pessoas infectadas com o vírus que recebe tratamento com antirretrovirais, os medicamentos usados para eliminar ou inibir a multiplicação do HIV, supera agora os 80% na Argentina, Brasil, Chile e Cuba. Esses tratamentos evitaram, segundo o BM, entre 250.000 e 300.000 mortes em 2005.

A América Latina é, além disso, uma das duas únicas regiões – junto com o Leste Asiático – que alcançará os níveis de tratamento da água e de rede de esgoto estabelecidos pela ONU.

Além disso, o informe insiste em que, conseguir os Objetivos do Milênio, não depende só de maiores taxas de crescimento, mas de um pacote que inclua também reformas comerciais e boas práticas de governo. O bom governo, diz o BM, requer regras claras, informação transparente para avaliar os resultados e incentivos e leis que premiem os êxitos e penalizem os fracassos. “Este informe mostra que a corrupção é o resultado de mau governo”, disse Paul Wolfowitz, presidente do Banco Mundial num comunicado.

A África vem sendo a região mais assolada pela pobreza, já que 44% de seus habitantes vivem com menos de um dólar por dia.