GARANTIR O ACESSO MUNDIAL A INTERNET

 

Laura Morral

A exclusão digital ainda afeta milhões de habitantes em nosso planeta. Se seguirmos

assim, o objetivo da ONU de que 90% da população tenha acesso à internet em 2050 está longe de ser cumprido e agrava, ainda mais, as desigualdades econômicas, sociais e educativas que existem entre territórios do planeta.

Segundo a ONU, 3.900 milhões de pessoas estavam conectadas à internet ao final de

  1. Esta cifra representa 51,2% da população mundial e significa um avanço com relação aos 48,6% de 2017. Todavia há uma grande lacuna da penetração da internet entre umas regiões e outras do mundo.

Por esta razão, os estados, as administrações e todos os agentes implicados devem

priorizar os investimentos em educação, alfabetização online e infraestruturas de banda larga.

O atraso na hora de expandir uma rede de acesso mundial abrirá, ainda mais, o abismo

entre os que aproveitam da internet e seus benefícios e os que não têm acesso à rede e estão marginalizados porque vivem em uma região sem conexão. Se não se apresentar uma solução, as pessoas ou territórios que não têm internet podem ficar condenados a um estado de marginalização ainda maior.

Um dos problemas é que a maioria dos lugares que permanecem offline são rurais e

remotos e os custos de instalação de internet móvel e outras tecnologias são cinco vezes mais altos que os custos de instalação em áreas urbanas.

Por essa razão, as empresas de telecomunicação necessitam de incentivos para conectar essas zonas, e até o momento, os estados e os responsáveis desse âmbito estão olhando para outro lado enquanto a metade do mundo segue sem conexão!

Os altos custos são uma das principais causas da exclusão digital. O objetivo da ONU de ter uma internet acessível é que o custo de 1 giga de dados não supere os 2% da receita. Na África do Sul, um dos países mais avançados do continente africano, somente 20% da população têm acesso à internet. Em Moçambique, um dos países mais pobres do mundo, internet é impensável para quase todos.

O problema é que o investimento das operadoras de telecomunicação estagnou-se ou

diminuiu, nos últimos anos, e é frequentemente ineficiente, com fundos mal distribuídos, que não chegam à maioria das pessoas. Mas quando se trata de reduzir o abismo digital, as desculpas não deveriam existir. É uma obrigação moral não deixar ninguém de fora.

Não somente isso. Garantir a conexão dos desfavorecidos faz parte também dos

direitos humanos. Assim, ao menos, o considera a ONU, que defende que o acesso à rede seja um direito fundamental. A resolução advoga que se aumente o acesso à internet, já que facilita muitas oportunidades para uma educação acessível e inclusiva em nível mundial, e proporciona outros recursos para a educação, especialmente através da inclusão digital.

A decisão das Nações Unidas é particularmente relevante quando levamos em conta

que alguns governos começaram a utilizar a internet e o corte ao acesso como meios de

controlar os cidadãos, inclusive para questões que podem ser consideradas inferiores.

Além do mais, centrar-se no acesso e no preço pode distrair a atenção a um outro

problema importante. Em todo o mundo, o uso da internet está estreitamente vinculado à educação, e muitas pessoas que não estão conectadas carecem de educação básica e de

habilidades digitais. A falta destas habilidades também poderia gerar uma crise no mundo atual, hiperdigitalizado.

Estar desconectados significa não poder beneficiar-se dos importantes recursos

socioeconômicos que oferece o mundo digital e todos os seus avanços. Quando os governos e as empresas privadas buscam instalar infraestrutura, também devem investir em capacitação e educação.

O analfabetismo é um grande obstáculo: se as pessoas não puderem ler e escrever, se

não tiverem as habilidades necessárias, mesmo quando a internet estiver acessível, não se beneficiarão disso. Hoje em dia, quase todos os serviços podem ser proporcionados através da internet. E a lacuna está crescendo, porque mais serviços estão se tornando online.

Por isso, foram fixadas sete ambiciosas metas para ampliar a infraestrutura da banda

larga, o acesso e a utilização da internet para todos os habitantes do planeta, a fim de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pelas Nações Unidas, em setembro de 2015, para melhorar a vida e a economia das pessoas sem acesso, evitando assim que a metade do mundo continue desconectada.

Fazemos um resumo para a internet em 2025:

 Em 2025, todos os países devem dispor de um plano ou estratégia da banda

larga financiada, ou incluir a banda larga em suas definições de acesso e serviços

universais.

 Em 2025, os serviços de banda larga básicos devem ser acessíveis nos países

em desenvolvimento, representando menos de 2% da renda nacional bruta mensal

per capta.

 Em 2025, o índice de alcance da banda larga/usuários da internet deve

alcançar: 75% mundial, 65% nos países em desenvolvimento e 35% nos países menos

adiantados.

 Em 2025, 60% dos jovens e adultos deve ter conseguido ao menos um nível

mínimo de competência em aptidões digitais sustentáveis.

 Em 2025, 40% da população mundial deve utilizar serviços financeiros digitais.

 Em 2025, a porcentagem de micro, pequenas e médias empresas

desconectadas deve ter sido reduzida a 50% por setor.

 Em 2025, deve ter sido alcançada a igualdade de gênero em todas as metas.

As conclusões são claras. Internet Universal, sim, mas reduzir desigualdades

econômicas, sociais, educativas e de todo tipo entre as regiões continua sendo uma

obrigação planetária porque, senão, de nada serve conectar o mundo no entorno digital.

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