Impacto da guerra econômica contra a população da venezuela

 

Pasqualina Curcio

Desde a chegada da Revolução Bolivariana em 1999, o povo venezuelano se converteu em uma ameaça rara e extraordinária para o imperialismo. Esse, entendido como os grandes capitais corporativos, fi nanceiros e comunicativos concentrados. A possibilidade de um sistema socialista, baseado nos princípios de justiça
social e solidariedade, avançar e consolidar seus objetivos, constitui, historicamente, um temor para esses capitais, desde, pelo menos, o início do século passado com a Doutrina de Contenção do Consumismo promovida por Truman.
Com armas e estratégias distintas, como indicativo de uma guerra não convencional, foram várias as tentativas dos governos dos EUA de derrubar o governo do presidente Hugo Chávez, líder da revolução na Venezuela. Logo após sua ausência física, o império do norte arremeteu contra o povo venezuelano, intensifi cando todas e cada uma
das armas que, desde 1999, já estavam ensaiando e implementando em cada instância desse tipo de guerra, também conhecidas como mistas: o econômico, o psicológico e o diplomático. Além do político interno, comunicacional, cultural e militar.
No que tange a guerra econômica, desde 2013, começaram a intensifi car a escassez induzida e programada de alguns alimentos, medicamentos e produtos de higiene com o objetivo de gerar grandes fi las nas portas dos estabelecimentos, assim como racionamento de produtos e proliferação de mercados clandestinos. O objetivo
era gerar angústia na população para, acompanhado de um discurso de suposto fracasso do socialismo e das políticas do governo revolucionário, responsabilizar a revolução. Essa escassez é inexplicável, a partir do ponto de vista econômico, devido a que, entre 2013 e 2016, a economia venezuelana registrou os níveis mais altos de
produção nacional per capita, à medida em que as exportações de petróleo e as reservas internacionais
também eram relativamente altas, se comparadas com as últimas três décadas, pelo menos.
Simultaneamente, a partir do império, e de maneira encoberta, entre 2013 e 2016, manipularam o índice de risco fi nanceiro da Venezuela, localizando-o no mais alto, a nível mundial, apesar de que a República cumpriu pontual e
completamente com os compromissos da dívida fi nanceira. Ao redor de 70 bilhões de dólares foram pagos durante esses anos.
Ademais, intensifi caram exponencialmente uma das armas econômicas mais poderosas que empregaram contra os venezuelanos: o ataque ao bolívar. Por meio de sites na internet, manipularam o tipo de câmbio do bolívar em relação ao dólar culminando em uma hiperinfl ação induzida e, com isso, a pulverização do poder aquisitivo da
população trabalhadora, contração da produção nacional, desfi nanciamento da administração pública e dolarização factual da economia. Desde o ano de 2012, até a presente data, induziu-se a desvalorização da moeda venezuelana em mais de 2.000.000.000.000%, o que, no ponto de vista conômico, é inexplicável, se compararmos com outros indicadores. As variações diárias do tipo de câmbio respondem a critérios políticos, ou melhor, de guerra. Esse fato se soma ao marco de processos eleitorais ou de alta confl ituosidade política gerada pelo próprio imperialismo, com a complacência de atores políticos locais de oposição ao governo revolucionário.
Cada uma dessas armas, que inicialmente estavam ocultas, começaram a ser reveladas a partir de 2015, com a aprovação do Decreto Barack Obama e, em seguida, com as ordens executivas aprovadas por Donald Trump contra a empresa PDVSA, que gera mais de 90% das receitas; além de outros setores da economia. Também foram confessadas pelo chefe do Comando Sul, em dois documentos que recolhem os planos de desestabilização
política e econômica na Venezuela, e descaradamente aplicadas mediante o roubo de ativos da República, por
parte do governo dos EUA, como no caso da filial CITGO, o ouro depositado no Banco da Inglaterra etc.
Não foi pouco o impacto que essas ações do imperialismo causaram na economia e sobre a população venezuelana. Entre 2016 e 2019, a perda representou 194.192 bilhões, o que equivale, para os venezuelanos, a um ano e meio de seu produto interno bruto, a importação de alimentos e medicamentos para abastecer aos 30 milhões de venezuelanos durante 40 anos, a toda a dívida externa da República.
As ações empreendidas pelos governos dos EUA contra o povo venezuelano constituem um crime contra a humanidade, não só porque se trata de ações sistemáticas, que afetam toda a população civil e militar, mas também porque o fizeram com o conhecimento do que essas ações implicam, tal como William Brownfield confessou.
Enquanto o imperialismo arremete contra o povo venezuelano, as mulheres e homens da Pátria de Bolívar,
com muita consciência, resistimos de maneira heroica.