Materiais pedagógicos sobre liberdade

Martín Valmaseda

Esta é uma exposição de materiais para educadores, animadores de grupos, agentes de educação popular, catequista, etc. Pretende apresentar apenas alguns livros de ensaios, novelas, filmes e músicas que podem servir para aulas, encontros de reflexão ou atividades de educação popular. Limito-me a recolher apenas algum material neste pequeno passeio por uma imensa produção. Cada leitor pode continuar sua busca pela “Web”. Seguem algumas sugestões.

Livros de ensaios

Várias dessas obras são baseadas no liberalismo clássico, como o Ensaio sobre a Liberdade de John Stuart Mill (Editora Escala, São Paulo), onde expressa concretamente a ideia de até onde deve chegar a liberdade do indivíduo e até onde a autoridade que a sociedade pode exercer sobre ele; o chamado princípio do dano, aquele pelo qual a humanidade se justifica, individual ou coletivamente, interferindo na liberdade de ação de qualquer dos seus membros.

Dois conceitos de liberdade: o texto mais famoso e comentado de Isaiah Berlin, também é uma análise dos dois sentidos da liberdade política – o negativo e o positivo-, que é resolvido em favor do primeiro e de um liberalismo cético.

Ortega y Gasset expressa sua visão em A rebelião das massas: somente diante de uma pessoa podemos saber se é ou não massa. Massa é quem não valoriza a si mesmo - para o bem ou para o mal -, por razões especiais, mas se sente “como todo mundo”, e, no entanto, não se angustia, se sente seguro quando se percebe idêntico aos outros.

Com uma visão mais focada na liberdade política, e crítico diante da manipulação dos meios de comunicação, Noam Chomsky aborda a questão em Os guardiões da liberdade. Avalia o jogo de informação diante de alguns acontecimentos do final do século XIX: o atentado contra o Papa, os assassinatos em El Salvador, etc e, coloca em evidência o domínio sobre as mentes e a liberdade por aqueles que detêm o poder econômico.

Alejandro Corchs e Alejandro Spangenberg refletem em O caminho à liberdade: uma experiência enriquecedora que cada um deve percorrer, eis o grande desafio da vida humana.

Neste tema é clássico O medo à liberdade, de Erich Fromm, em que analisa as razões pelas quais o povo alemão aceitou a “segurança” que oferecia o regime de Hitler.

Novelas

Os despossuídos: Uma utopia ambígua (The Dispossessed: an ambiguous utopia) é um romance de ficção científica, escrito por Ursula K. Le Guin em 1974: dois planetas, um dos quais vive no sistema capitalista liberal e outro anarquista, ambos enfrentam seu sentido de liberdade.

Liberdade, de Jonathan Franzen. Através de três gerações de uma família americana, podemos reconhecer o reflexo da sociedade do nosso tempo, com temas atuais. Tudo gira em torno do problema das liberdades pessoais e os diferentes conceitos de liberdade.

O sol é para todos (To Kill a Mockingbird) , Harper Lee. No ambiente do racismo americano, discute-se o respeito à liberdade pessoal e comunitária. Tem sido amplamente utilizado como um livro de reflexão nas escolas.

Hirbet Hiza, S. Yizhar é a história luminosa do despejo dos habitantes de uma aldeia árabe durante a guerra de 1948, e um protesto que nunca sai da garganta do narrador, enquanto as casas são demolidas e os moradores expulsos de suas terras.

Na Web (Google) pode ser encontrado, em texto e áudio, Contos de Liberdade para crianças, de Pedro Pablo Sacristan.

Dois clássicos feitos filmes são as obras Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, e Fahrenheit 451, de Ray Bradbury. Nestes romances relaciona-se a liberdade com a manipulação pelos meios de comunicação: “Se você não quer que uma pessoa seja politicamente infeliz, não se preocupe mostrando dois aspectos da mesma questão: mostre-lhe um”, dizem ao personagem principal de Fahrenheit o dia que descobrem lacunas em sua fé religiosa e sua obediência ao sistema.

Obras Cinematográficas:

Ilha das flores, filme de Jorge Furtado, documentário de aspecto neutro, apenas informativo, descreve a escravidão ao dinheiro. Ele termina com uma frase contundente: “Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda...” (em Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles)

Comportamento perturbador (Disturbing Behavior) narra os acontecimentos que ocorreram em uma comunidade que tenta criar meninos perfeitos, de acordo com as regras estabelecidas pelos pais que querem ter filhos, estudiosos, atletas, etc.

Tocando também o tema de educar em liberdade, A sociedade dos poetas mortos, de Peter Weir alcançou, com razão, grande interesse do público.

Um filme espanhol breve e angustiante, símbolo da falta de liberdade é A cabine, de Antonio Mercer.

A história da Ilha, produzido por ECOE (Madrid) e CAUCE (Guatemala) sintetiza em uma parábola, o processo de “cercas” em que vive o ser humano e as causas desta situação. Terra e Liberdade, de Ken Loach, filme britânico sobre a guerra civil na Espanha, realizado corretamente por atores amadores.

Muitos dos filmes que lidam com a questão da liberdade não podem ser separados da defesa da terra, como o argentino Um lugar no mundo, de Adolfo Aristarain.

Outro, britânico, o confronto dramático-cômico entre mineiros sem trabalho e a libertação pela música é Um toque de esperança, de Mark Herman. A liberdade política do povo através de biografias tem muitas amostras. Citamos apenas Grita liberdade, sobre a vida do companheiro do líder Sul- Africano Nelson Mandela, Steve Biko. Em paralelo, o filme Gandhi, de Sir Richard Attenborough.

Com um olhar retrospectivo, que resgata as circunstâncias históricas atuais, Viva Zapata, de Elia Kazan. O autor reflete em alguns de seus filmes sobre a busca da liberdade pessoal. O mais significativo pode ser O compromisso: drama de um adulto que tenta se libertar dos condicionamentos impostos pela herança paterna e a sociedade.

Não podemos deixar de citar uma obra de Buñuel cheia de ironia, talvez pouco conhecida: O Fantasma da Liberdade, que apresenta comportamentos absurdos das pessoas.

Músicas:

Elas são uma ferramenta poderosa para o trabalho educativo, principalmente com grupos de jovens, primeiramente ouvindo a música e depoiscomentando a letra. As músicas que seguem podem ser encontradas na internet, em PowerPoint, com imagens no youtube. As que são em Inglês costumam ter a tradução para o português legendada.

Imagine, John Lennon, está no youtube, com uma letra forte e legendas em português.

Justiça, Terra e liberdade, Maná: É importante a relação da liberdade com a terra, em músicas e filmes.

Virá o dia em que todos, Labordeta: uma das músicas mais cantadas em movimentos como hino de luta, também as comunidades cristãs, com a memória desse grande homem que foi o seu autor.

Canção dos escravos, o Coro da Ópera Nabuco, com bela música coral, cantada em espanhol por Nana Mouskouri.

Blowing in the Wind, Bob Dylan, PowerPoint legendado em português com texto e imagens fortes (atualmente fizeram uma melodia religiosa, fazendo-a perder a sua força original).

Yo te nombro, liberdade, um poema escrito por Gian Franco Pagliaro, cantado por Nacha Guevara.

A Maldição de Malinche, Gabino Palomares: uma crítica vigorosa da falta de consciência dos povos da América Latina que continuam submetidos a novos invasores.

Alguns mais: Livre, Nino Bravo, Pela liberdade, Joan Manuel Serrat (Miguel Hernández), Liberdade, de Manu Chao; Liberdade sem raiva, jarcha, Cores, Mocedades; Hope of deliverance, Paul McCartney, Sonho liberdade, Juanes...

Martín Valmaseda

CAUCE, equipocauceguatemala.blogspot.com, Cobán, Guatemala