Flávio Alves Barbosa

Eu levanto meus olhos, vejo diante de mim o caminho da vida a estender-me as mãos. A este convite respondo: firme meus passos em tua estrada e faça de mim um ser de compaixão. Do nascente ao poente, resistirei ao desespero e continuarei a semear para fecundar a história com silêncio, palavra e ação. Desejo fazer de cada encruzilhada uma tenda para partilhar o pão que alimenta o corpo e a amizade que alimenta a alma. E desde a aurora serão minhas companheiras a esperança, a indignação e a coragem.
No caminho que trilho, o direito, a justiça, a verdade e a paz serão fios para confiar e conspirar com quem deseja vida plena e abundante para todas as vidas. Nesta peregrinação, vou vestido de simplicidade e transparência, com olhos e ouvidos abertos, para não ser insensível ante os apelos eloquentes dos viventes da Casa Comum que anseiam por libertação. De mãos dadas com minhas irmãs e irmãos, vou seguindo a vida por toda parte e tenho aprendido que é do compartilhar de tudo que sou e tenho que nasce uma nova criação. A maravilha a anunciar é a fraternidade na diversidade. Que a nossa grande colheita seja tecida de pequenas colheitas cotidianas. E desde a aurora serão minhas companheiras a esperança, a indignação e a coragem.
No caminho, quero ser inteiramente gratidão por tudo que a vida me entregar. Cantarei, como os jovens, canções de resistência e liberdade pelo fim do ódio, da dor e de todas formas de violência e pela abolição das fronteiras entre os povos. Que o amor recíproco e radical seja o útero que dia a dia nos recriará. A minha alegria, ao final desta marcha, será proclamar que nenhuma forma de vida ficou de fora da ciranda da igualdade e que crianças, jovens e anciãos foram reconhecidos em sua autoridade para preservar a vida e fazer a humanidade crescer. Que percorramos o caminho da vida, vivendo e pensando com o corpo inteiro, desde nossos corações, casas, comunidades e o mundo, sendo generosos e tendo por companheiras a esperança, a indignação e a coragem.