Panorama atual do diálogo inter-religioso

Panorama atual do diálogo inter-religioso

Marcelo BARROS


Deus é amor, mas contraditoriamente, quase todas as religiões têm dificuldade de dialogar e conviver com o diferente. Na história, muitas vezes, atadas ao poder político, as religiões não souberam respeitar e dialogar com outros modos de crer. O Judaísmo considerou os deuses dos outros povos como demônios. Desde os pri-meiros tempos, o cristianismo propagou escritos polê-mi-cos contra judeus e pagãos. Os muçulmanos inter-pre-ta-ram como ordem de Deus impor a fé, embora místicos sufi insistissem na universalidade do amor de Deus e abertura à fé dos outros.

Com exceção de afirmações ecumênicas de espiri-tuais das mais diversas tradições e de alguns diálogos fictícios, escritos na Idade Média, por Abelardo e Nicolau de Cusa, a primeira proposta de diálogo respeitoso e sério entre pessoas de religiões diferentes aconteceu no final do século XIX e sempre por iniciativa de cristãos. Um século depois, de 1998 a 2000 aconteceram mais de dez assembléias e conferências mundiais de caráter inter-religioso. Nasceram novas instituições e, até hoje, outras tentam viabilizar-se. Recordemos algumas inicia-tivas mais marcantes de diálogo inter-religioso na his-tória recente.

I. O Parlamento Mundial das Religiões

Em 1893, em Chicago, por ocasião dos 400 anos da “descoberta” da América, o pastor presbiteriano John Henry Barrows, desautorizado por sua Igreja, criou o “Parlamento Mundial das Religiões”. Reuniu 4000 pes-so-as na sessão inaugural. Durante 18 dias, dos 400 dele-gados, 150 tomaram a palavra. Teve a adesão de reli-gio-sos orientais e a curiosidade de líderes judeus, cristãos e muçulmanos mais abertos.

Em 1993, um século depois, novamente em Chicago, o “Parlamento” fazia nova assembléia-geral. Neste, os participantes aprovaram a “Declaração por uma Ética Mundial”, a partir da ajuda teológica de Hans Küng e da “Fundação por uma Ética Mundial”, organismo de caráter internacional e inter-religioso. Foram, ali, aprovados os seguintes princípios:

1. Não é possível uma nova ordem mundial sem uma Ética mundial.

2. A exigência fundamental desta Ética é que todo ser humano seja tratado de forma humana.

3. É urgente criar uma cultura da não violência e do respeito por cada ser vivo.

4. Uma cultura da solidariedade e uma ordem eco-nô-mica justa.

5. Cultura da tolerância e de paridade de direitos e igualdade entre homem e mulher.

6. É necessário uma transformação de consciência sem a qual estas propostas anteriores não seriam pro-fun-das.

II. Iniciativas depois da 2a guerra mundial

A tragédia do holocausto levou muitas comunidades cristãs a reverem o seu dever em relação aos irmãos judeus. Em 1947, a Igreja Reformada dos países baixos declara que o diálogo deve ser a relação normal entre a Igreja e a Sinagoga. Em 1948, o pastor suiço Nusslé o aplica às relações entre cristãos e islamitas. Em 1960, a americana Judith Hollister fundou o Temple of Under-standing (Templo da Compreensão), perto de Washington. Entre os membros fundadores estão ins-critos o patriarca ecumênico Atenágoras, o Dalai Lama, Thomas Merton, Saverpalli Radhakhrisnan, Albert Schweitzer, U. Thant e os papas João XXIII e Paulo VI. É uma construção em seis alas, cada uma para uma grande religião: budista, cristã, chinesa, hindu, judaica e mu-çul-mana. A meta é “promover a compreensão das religiões em escala mundial. Reconhecer a unidade da família humana”.

O sonho era criar em Washington uma espécie de “Nações Unidas Espirituais”. Em 1970, na Assembléia de Genebra, o Vaticano e o Conselho Mundial de Igrejas enviaram representantes. Lá se propôs uma Organização Mundial das Religiões. Em 1980, o Templo da Compre-en-são tentou criar um “World Monastic Concil”. Hoje, tra-balha mais no nível dos EUA e está associado ao World Congress of Faiths.

III. A Conferência Mundial das Religiões pela Paz

O contexto da intervenção dos EUA no Vietnam e a intensificação da guerra fria, agravada pelas relações tensas entre Moscou e Pequim provocou alguns crentes a promoverem novas iniciativas de diálogo inter-religioso. Assim surgiu a “Conferencia Mundial das Religiões pela Paz”.

Esta organização é fruto da iniciativa de cidadãos dos EUA, Índia e Japão. A primeira assembléia inter-nacional foi em Kyoto no Japão em 1970. A finalidade era “tratar da questão da Paz, propagar a causa do desarmamento, opor-se a todo tipo de discriminação, trabalhar para acabar com o colonialismo, com o impe-rialismo e defender os Direitos Humanos”. Na primeira assembléia (1970), participaram 139 membros da Ásia e da África, além de 77 ocidentais. Ali estiveram presentes Dom Hélder Câmara, Raimundo Panikkar, Eugene Blake, Thich Nhat Hanh e o metropolita Galitski Filarete de Moscou. Na época, Dom Hélder escreveu que este encon-tro era o sonho de sua vida. E como eu trabalhava com ele no caminho do Ecumenismo, tive a graça de ser uma das primeiras pessoas a quem ele mostrou o belo texto que iria pronunciar em Kyoto.

Em 1998, a Conferência Mundial das Religiões pela Paz fez sua 2a Assembléia geral na Jordânia. Por motivos políticos, o Dalai Lama não recebeu visto em seu passaporte para participar deste encontro.

IV. Iniciativas ligadas ao Conselho Mundial de Igrejas

O Conselho Mundial de Igrejas, na sua assembléia de Nova Dehli, defendeu a liberdade de consciência religiosa de toda pessoa humana. Em 1969, o Conselho aprova a importância do diálogo inter-religioso e o projeto de um encontro com crentes de outras tradições. O primeiro encontro foi o Colóquio de Ajaltoun no Líbano (março 1970) sobre o diálogo.

Em Genebra, em 1968, foi fundada, de forma autônoma, mas em diálogo com o Conselho, uma Comissão Consultiva das Religiões. Propõe aos participantes um princípio: “Nós estamos aqui não porque estamos de acordo, mas para aprender a nos conhecer”.

Nos últimos anos, o Conselho Mundial de Igrejas têm, ele mesmo, realizado encontros com pessoas de diversas tradições espirituais para promover, entre as religiões um trabalho pela “Paz, justiça e defesa da criação”.

V. Igrejas Católica, Vaticano e Diálogo Inter-religioso

Após um longo processo, em 1965, a Igreja Católica tomou uma atitude que revolucionou a sua história e marcou um tempo novo na sua vida e no seu testemunho no mundo. Todos os bispos do mundo, reunidos no Concílio Vaticano II, publicaram uma Declaração sobre a Liberdade Religiosa e outra sobre como a Igreja Católica vê as outras religiões. Nesta última, afirma-vam: “Com sincera atenção, a Igreja considera os modos de viver e agir, os preceitos e doutrinas das outras religiões. Nada rejeita do que, nelas, existe de verdadeiro e santo. Mesmo que, em muitos pontos, seus ensinamentos estejam em desacordo com o que a Igreja pensa e anuncia, não raro, refletem lampejos daquela Verdade que ilumina todo ser humano” (...)“A Igreja exorta seus filhos a reconhecer, manter e desen-volver os bens espirituais e morais, como também os valores sócio-culturais que existem nas outras religiões que, mesmo contendo elementos doutrinais que a Igreja não concorda, têm lampejos da verdade que iluminam todos os seres humanos” 1.

Atualmente, na Igreja Católica, é a Federação das Conferências Episcopais da Ásia que tem aprofundado mais a teologia e prática do Diálogo com as outras religiões. Em documento de 1999, declarou:

“Podemos compreender as religiões como respostas ao encontro com o mistério divino ou com a realidade última. Por isso, as tradições religiosas da humanidade têm sentido e lugar no projeto divino da salvação. (...) O fundamento principal da teologia do diálogo e das religiões é a certeza da universalidade da graça de Deus. Deus se dá e sobre isso, nós, seres humanos, não podemos ter nenhum controle. Para nós, Cristo é o centro universal do diálogo de Deus com a humani-da-de. Por isso, devemos conhecer o que Deus disse e continua a dizer de mil maneiras. Consagrar-se a isso com toda a nossa atenção é uma forma de prestar homenagem à graça divina”2.

Os últimos papas têm testemunhado esta atitude de respeito e diálogo com os irmãos e irmãs de outras religiões. As declarações ecumênicas e inter-religiosas do Concílio, embora tenham sido escritas e publicadas após a sua morte, devem muito ao apelo e à profecia do papa João XXIII. O seu sucessor, Paulo VI, diversas vezes, mandou devolver a muçulmanos e judeus, obje-tos sagrados ou de valor histórico que, em guerras, os cristãos haviam apreendido de outras religiões. O atual papa, em cada viagem, pede para encontrar-se com os líderes de outras religiões. Em outubro de 1986 e agora, em janeiro de 2002, convidou líderes e repre-sentantes das mais diferentes tradições religiosas para, junto com ele, em Assis, orar pela Paz do mundo. Ele afirma: “O diálogo inter-religioso é sempre instru-men-to salvífico porque procura sempre descobrir, es-cla-re-cer e compreender melhor os sinais do longo diálogo que Deus continua com a humanidade”(Discurso ao Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, n2, 13/ 11/ 92). “A presença e a atividade do Espírito Santo não tocam apenas os indivíduos, mas a sociedade e a história, as culturas e religiões dos povos” (RM 28). “A crença dos membros das outras tradições religiosas é efeito do Espírito de verdade que opera além dos confins visíveis do Corpo Místico do Cristo” (RM 28 e RH 6).

Em fevereiro de 2002, o papa enviou a todos os governantes dos países uma carta com Um “Decálogo para a Paz do mundo”. São dez pontos aprovados pelos líderes religiosos presentes no 2o Encontro de Assis, necessários para o diálogo entre os povos e as culturas.

A Comissão Pontifícia para o Diálogo Inter-religioso, organismo do Vaticano, publicou o seu segundo docu-mento orientador em 1991 e o consagrou à relação entre o Diálogo e a obrigação cristã de anunciar o Evangelho. Este documento “Diálogo e Anúncio” é dos melhores textos sobre o assunto. Frisa a prioridade do diálogo, confessa que o diálogo é elemento estruturante da pró-pria missão da Igreja e que o anúncio missionário só pode ser feito a partir do diálogo.

Estas posições mais abertas do papa e de alguns organismos romanos são criticadas por alguns cardeais da Cúria Romana e de arquidioceses importantes. A Declaração “Dominus Jesus” de setembro de 2000 mostra esta contradição. Muitos bispos e líderes católicos têm medo do relativismo religioso e não querem perder a hegemonia católica no mundo.

Uma forte limitação desta forma de promover o Diálogo Inter-religioso é o fato de amarrá-lo demais às autoridades máximas de cada religião. Tudo tem de vir da cúpula. O risco é que o caminho da unidade deva submeter-se ao cuidado maior e permanente de cada líder assegurar o seu espaço de poder e prestígio.

O Diálogo supõe unidade entre os parceiros e a escuta da palavra de Deus uns dos outros requer uma humildade e despojamento pessoal que não condizem com triun-fa-lis-mo clerical de nenhuma religião.

VI. A Iniciativa das Religiões Unidas (URI)

Em 1999, em Jerusalém, “o bispo anglicano William Swing, o Dalai Lama, o Conselho de Coordenação Inter-religioso de Israel lançaram a sugestiva proposta de uma organização mundial das religiões, semelhante a das Nações Unidas. “Todos os dias, aparecem problemas e deveriam ser discutidos e regulados a partir de uma base permanente cotidiana, sem cair no modelo burocrático da Onu.

Os promotores desta proposta chamaram esta organização de URI (Uniteds Religions Iniciative), Orga-nização das Religiões Unidas”3.

Esta organização foi fundada em Pittsburg (EUA) em 2000 e se espalha por todos os continentes. Pretende ser um fórum de encontro livre e de diálogo. Em agosto de 2002, realiza sua assembléia mundial no Rio de Janeiro.

Roma tem enviado representantes às assembléias, mas como suspeita que esta organização favoreça o sincretismo, não a tem apoiado.

VII. A APD e o Macro-ecumenismo

Na América Latina, por ocasião do 5o centenário da conquista, representantes de grupos afro-americanos, comunidades indígenas e cristãos de diversas Igrejas se reuniram no 1o encontro continental da “Assembléia do Povo de Deus” (APD) propondo não só o diálogo inter-religioso, mas também inter-cultural e fundamentado no serviço aos oprimidos e injustiçados do povo. Ali nasceu a expressão “macro-ecumenismo” para designar um ecumenismo não só entre cristãos, mas também entre religiões e principalmente com grupos religiosos po-pu-lares e autóctones.

Esta intuição já existia em outros lugares do mundo. “Hans Kúng propôs um “ecumenismo abraâmico” entre judeus, cristãos e muçulmanos. John Hick e Paul Knitter aludem a um ecumenismo das reli-giões”4.

O Documento de Quito justifica a proposta do Macro-ecumenismo, afirmando que: 1 - Deus é sempre maior do que nossas Igrejas, religiões e projetos humanos. 2- Deus tem um sonho: “a unidade da família humana, dentro da lei suprema do amor”.

(...) «As cristãs e cris-tãos presentes neste encontro nos sentimos profun-da-mente chamados à conversão. (...) Queremos, através do testemunho da unidade, colaborar com os processos através dos quais os nossos povos estão construindo a outra democracia, a das filhas e filhos de Deus, irma-na-dos entre si»5.

A APD toma como opções fundamentais a “Espiri-tua-lidade Macro-ecumênica” e a resistência ao neo-libe-ra-lis-mo. Apesar de todas as dificuldades, a APD realizou três encontros continentais, mas tem dificuldade de se rea-li-zar no processo cotidiano nas comunidades e movi-men-tos populares.

VIII. Para concluir: as iniciativas de cada crente

Só uma vocação verdadeiramente espiritual pode vencer os desafios da atual realidade com relação ao diálogo entre as religiões. Aliás, em toda a história, sempre foram as pessoas místicas e espirituais que, no seu coração e no testemunho do seu amor, realizaram este encontro entre diversas tradições espirituais. Hoje, ainda, só o diálogo vivido no coração de cada crente fundamenta de forma profunda a aproximação entre as religiões.

Cada ano, durante o Carnaval, em Campina Grande, no nordeste brasileiro, uma equipe leiga, ligada à prefeitura da cidade, organiza e coordena o Encontro da Nova Consciência. Durante quatro dias, este encontro reúne mais de três mil pessoas dos mais diversos caminhos espirituais e tem como ponto alto uma oração inter-religiosa pela Paz, vivida ao ar livre e que reúne milhares de pessoas da cidade e de fora.

O que carac-teriza este encontro é que as pessoas participam como pessoas que buscam e não como representantes oficiais de sua religião ou tradição. É um encontro de bases e não de cúpulas.

Da mesma maneira, a partir das bases, surgem di-ver-sas experiências de diálogo inter-religioso e inter-cultu-ral.

Em um seminário sobre este tema, Enzo Bianchi, monge italiano, propôs algumas atitudes que são funda-mentais como atitudes interiores que favorecem o diálogo:

1 – Aceitar que haja uma diferença entre nós e reconhecer o direito que o outro tem a ser outro (direito à alteridade)

2 – Iniciar o diálogo pela escuta interior e profunda do diferente.

3 – Deixar que seja o outro que se defina e aceitar esta auto-leitura. (Por exemplo, como eu não sou do candomblé, não devo defini-lo)

4 – Assumir a própria identidade e aprofundá-la para distinguir na minha fé o que é essencial do que não o é.

5 – Olhar o outro como igual. Não há diálogo sem igualdade entre os parceiros

6 – Excluir toda atitude de auto-suficiência e de arrogância teológica ou doutrinal ou ritual.

7 — Para dialogar com o outro, partir do mais próximo e sublinhar os pontos em comum.

Perspectiva de um Fórum Mundial das Religiões?

Por ocasião do 2o Fórum Social Mundial em Porto Alegre (janeiro 2002), entre os 60.000 participantes de todos os continentes do mundo, encontravam-se ali pessoas de diferentes raças, culturas e caminhos espirituais. Na madrugada do domingo, 03 de fevereiro, mais de 3000 pessoas se reuniram ao ar livre e fizeram juntos uma oração pela Paz. Em conversas informais, muitos expressaram o desejo de se organizar, por ocasião do 3o Fórum Social Mundial, 2003, um Fórum Mundial de Religiões e Caminhos Espirituais. Outros reagiam dizendo que este encontro ecumênico entre religiões se faz quando as pessoas que buscam o Divino se inserem na causa dos indígenas, dos lavradores sem-terra, no trabalho de todos os que buscam um mundo novo e diferente. Entretanto, é importante que crentes de diferentes expressões de fé testemunhem a Deus como força de Paz, Justiça e Comunhão com o Universo.

Hans Küng resalta: “No habrá supervivencia sin una ética mundial. No habrá paz en el mundo sin paz y sin diálogo entre las religiones”6. O diálogo inter-cultural e inter-religioso é não apenas um dever frente a um mundo culturalmente muito diversificado, mas um imperativo da paz mundial. E sem dúvida, um enriquecimento para todas as religiões envolvidas. Abrindo-se umas ás outras, as religiões se abrem ao mundo e descobrem que “Deus não é religioso”, não fica restrito aos meios e caminhos que se especializam em procurá-lo.

Enquanto as religiões aprofundam os caminhos para a intimidade divina, o próprio Deus se revela presente e atuante no mundo, como força de paz e amor solidário.

Notas:

1 - Cf. CONCÍLIO VATICANO II, Declaração sobre as religiões não cristãs, n. 2, in Compêndio do Vaticano II, Petrópolis, Vozes, 1987, n. 1582- 1583, p. 620- 621.

2 - FEDERAÇAO DAS CONFERÊNCIAS EPISCOPAIS DA ÁSIA, Documento: O que o Espírito diz às Igrejas, III, n. 1, maio 1999, in SEDOC junho-julho 2000, pp. 12 ss.

3 - Revista Rocca, 15 agosto/settembre, 1999, p. 07.

4 - Cf. PETER NEUNER, Teologia Ecumenica, Bologna, Ed. Queriniana, 2000, p. 16.

5- 1a. ASSEMBLÉIA DO POVO DE DEUS. Manifesto, p. 2-3.

6 - HANS KÜNG, Projeto de Ética Mundial, São Paulo, Ed. Paulinas, 1991,p.7.