Religiões e violência

RELIGIÕES E VIOLÊNCIA

Ainda hoje em dia

Associated Press e Efe, 8/3/2010


Nova onda de ódio inter-religioso na Nigéria deixa 500 mortos. Conforme as autoridades locais, cerca de 500 pessoas de três povos de maioria cristã foram assassinadas por assaltantes com machetes, em um ataque que foi interpretado como represália aos ataques que aconteceram na mesma região há menos de dois meses, e que também causaram 236 mortes. Naquela ocasião, foram pastores muçulmanos da etnia fulani que atacaram assentamentos cristãos. No princípio do ano, a violência começou do lado cristão.

Novamente, a violência teve lugar em Jos, cidade situada no centro do país, para onde convergem o norte muçulmano e o sul cristão, duas comunidades que se enfrentaram ao longo da história do país, que se tornou independente do Reino Unido desde 1960.

Segundo declarações de testemunhas oculares de diferentes agências de informação, a maior parte das vítimas são “mulheres e crianças”. “Vimos que os mais indefesos, como crianças e anciãos, que não podem fugir, foram assassinados”, declarou à France Presse Maki Lipdo, da organização não governamental (ONG) cristã Fundación Stefanos. Os ataques a pessoas têm sido brutais e sanguinários. Segundo alguns testemunhos, algumas vítimas foram apanhadas com redes de pesca e armadilhas para animais, para posteriormente serem esfaqueadas até a morte. Durante os acontecimentos de janeiro, as testemunhas informaram que muitas vítimas foram enterradas vivas em poços de água.

As tensões entre nigerianos cristãos e muçulmanos também foram notadas no Governo. Depois de vários meses de incerteza e conflitos nas altas esferas, o presidente da Nigéria, Jonathan Goodluck (cristão), foi autorizado a substituir de forma temporária o convalescente Umaru Yar’Adua (muçulmano), hospitalizado desde novembro de 2009. Cristãos e muçulmanos da Nigéria se revezam na presidência do país, segundo um acordo tácito.

Os conflitos que têm como protagonistas cristãos e muçulmanos na Nigéria já custaram a vida de mais de 12 mil pessoas desde 1999, quando se implantou a sharía ou lei islâmica em 12 estados do Norte.