Textos antológicos sobre religião
Textos antológicos sobre religião
“Sem sombra de dúvida, por alguma obscura razão, há alguma coisa que ‘não anda’ em nosso tempo entre o homem e Deus, tal como Deus é apresentado ao homem de hoje. Tudo acontece como se o Homem não tivesse exatamente diante de si a figura do Deus que deseja adorar... Daí, essa impressão obsessiva, por todos os lados, de um ateísmo que cresce irresistivelmente, ou ainda mais especificamente, de uma descristianização ascendente e irresistível.”
DE CHARDIN, P. Teilhard. El porvenir del hombre. p. 320
A palavra “Deus”...
...é a mais carregada de todas as palavras humanas. Nenhuma foi tão manchada, tão dilacerada. Justamente por isso eu não posso renunciar a ela. (...) Os povos, com suas facções religiosas, dilaceraram a palavra. Eles assassinaram em nome dela e morreram por ela. Ela carrega o vestígio e o sangue de todos eles. (...) Não é deixando de lado o termo Deus que nós não poderemos limpar esta palavra e todo o mistério que ela encerra. É, ao contrário, levantando-a do chão e retomando-a para a justiça.
BUBER, Martin. Encontros: fragmentos autobiográficos. Petrópolis: Editora Vozes, 1991. p. 49-50
O Deus que todos levamos,
o Deus que todos fazemos,
o Deus que todos buscamos,
que jamais encontraremos.
Antonio Machado
Sou um não crente
profundamente religioso.
Em alguma forma,
essa é uma nova classe de religião.
Albert Einstein
Deus é o silêncio do universo,
e o ser humano
o grito que dá sentido a esse silêncio.
José Saramago
POR QUE NÃO MUDAS DE DEUS?
Para mudar de vida
tem que mudar de Deus.
Tem que mudar de Deus
para mudar a Igreja.
Para mudar o Mundo
tem que mudar de Deus.
Pedro Casaldáliga
Talvez ‘mudar de Deus’ – por exigência da mesma fé cristã – seja o mais profundo e o mais urgente desafio para as Igrejas cristãs no serviço maior ao Reino, ao Projeto de Deus.
CASALDÁLIGA, Pedro. O macroecumenismo e a proclamação do Deus da vida. In TEIXEIRA, Faustino (Org.). O diálogo inter-religioso como afirmação da vida. São Paulo: Paulinas, 1997. p. 35.
Religião é um sentimento do luminoso, do ‘totalmente outro’, do ‘mysterium tremendum et fascinans’. Rudolf Otto
A religião esconde a face de Deus. Martin Buber
É um sistema de crenças e práticas de que um grupo de pessoas se serve para enfrentar os problemas últimos da vida humana. J. M. Yinger
É a crença em seres espirituais. E. B. Tylor
Religião é o que o indivíduo faz com sua solidão (...) Instituições, igrejas, ritos, bíblias, códigos de conduta... são os adornos da religião, são suas formas passageiras. Alfred N. Whitehead
E a presença no mundo de algo espiritualmente maior do que o próprio ser humano. (...) A meta do ser humano é buscar comunhão com a presença que está por trás dos fenômenos. Arnold Toynbee
A religião é uma ilusão. Sigmund Freud
É o suspiro da criatura oprimida, o sentimento de um mundo sem coração, a alma em um mundo sem alma; é o ópio do povo. Karl Marx
Religião é um sistema unificado de crenças e práticas relativas a coisas sagradas, isto é, coisas separadas e proibidas, crenças e práticas que unem em uma única comunidade, chamada Igreja, todos os que a elas aderem. Emile Durkheim
Religião é um anseio revolucionário, um impulso psicossocial para gerar uma nova humanidade. Aloysius Pieris
Religião é uma coisa para o antropólogo, outra para o sociólogo, outra para o psicólogo (e outra ainda para outro psicólogo!), outra para o marxista, outra para o místico, outra para o zen-budista e outra ainda para o judeu ou o cristão.Existe, por conseguinte, uma grande variedade de teorias religiosas sobre a natureza da religião. Não há, portanto, nenhuma definição universalmente aceita de religião e, possivelmente, nunca haverá. John Hick
As religiões falam com uma autoridade absoluta. Esta autoridade não é expressa somente através de palavras e conceitos, doutrinas e dogmas, mas também através de símbolos e orações, ritos e festas, e isso de forma racional e emocional. As religiões possuem meios para moldar a existência humana não somente de uma elite intelectual, mas também de amplos segmentos da população. E isso de uma forma historicamente experimentada, culturalmente adequada e individualmente concretizada. A religião não pode possibilitar tudo, mas ela pode abrir e proporcionar um ‘mais’ em termos de vida humana.
– A religião consegue transmitir uma dimensão mais profunda, um horizonte interpretativo mais abrangente diante da dor, da injustiça, da culpa e da falta de sentido. Ela consegue também transmitir um sentido de vida último perante a morte: o sentido de onde vem e para onde vai a existência humana.
– A religião consegue garantir os valores mais elevados, as normas mais incondicionais, as motivações mais profundas e os ideais mais elevados: o sentido (porque) e o objetivo (para que) de nossa responsabilidade.
– Através de símbolos, rituais, experiências, objetivos comuns, a religião consegue criar uma pátria de confiança, da fé, da certeza, do fortalecimento do eu, do abrigo e da esperança: uma comunidade e uma pátria espiritual.
KÜNG, Hans. Projeto de ética mundial: Uma moral Ecumênica em vista da sobrevivência humana. São Paulo: Paulinas, 2001. p. 81-82.
No mundo moderno é a religião uma força central, talvez “a” força central que motiva e mobiliza as pessoas... O que finalmente conta para elas não é a ideologia política ou o interesse econômico. Convicções religiosas e família, sangue e doutrina são as realidades com as quais as pessoas se identificam e em função das quais lutam e morrem.
HUNTINGTON, Samuel P. In Foreign Affairs, Nova York, nov-dec 1993, p. 186-194.