Visita de casa em casa

 

Ranulfo Peloso

(UMA AÇÃO NO TRABALHO DE BASE)

A - A militância tem uma causa – a vida feliz, solidária e livre.
• O Trabalho de base, como missão, é fi ncar essa bandeira numa base social concreta e convocá-la para
um tempo novo.
• Muita gente, militante, virou casta, usa um dialeto que o povo não entende. É urgente refazer ou reatar a
aliança com o povo que foi deixado à sanha das seitas e do tráfi co.
• O povo anda abatido e cansado, como ovelhas sem pastor. Necessita despertar e assumir-se como sujeito
político, que pode e deve decidir as coisas, na sociedade.
• Visitar é exercitar a capacidade de ir ao povo para escutá-lo e, também, despertá-lo da dormência e da
sensação de impotência em que foi colocado.
• A experiência de conversar com o povo, liberta a militância da frieza e desânimo, causado pelo
burocratismo e pela ofensiva da direita.
• Convencer-se de que o sucesso de uma proposta é o envolvimento corresponsável de todos os atores. Ninguém,
visitador ou visitado, pode ser visto como objeto.
• Na pandemia, a visita de casa em casa, que é uma ação do trabalho de base, requer todo cuidado em quem
visita e quem é visitado, deve ser bem ponderada. Nessa hora, a ordem é lutar pela VACINA JÁ PARA TODOS, como condição de poder fazer visitas com mais sentido.
B - A militância precisa sair da comodidade, ir
ao povo denunciar as injustiças (fazer agitação) e
convocá-lo para uma proposta (fazer propaganda).
Pode-se fazer:
a) Através de ações de massa – um “arrastão” de visitas, comícios, panfl etagem, shows, teatro... ou tudo
isso junto...
b) Através da visita de casa em casa – sem barulho, mais demorada, com maior preparação. Visita não é
treino, é coisa de profi ssional. Por isso, as pessoas iniciantes acompanham pessoas experimentadas.
C- A visita deve ser uma ação inicial, dentro do Trabalho de Base; não é um evento, deve ser parte de
um processo que vai continuar. Como não é visita de “candidato”, deve prever o que virá depois. Quem vai
pastorear (cuidar, zelar, envolver, formar, organizar...) depois?
D - Preparação
• Ter claro o que é visita de casa em casa: Por que se faz? Aonde se quer chegar? Por que foi escolhido
determinado público-alvo?
• Ter, de antemão, mapeamento das características da população;
• Obter um Mapa de rua a ser visitada pela dupla;
• Treinar as duplas em como fazer a abordagem;
• Munir-se de disposição para encarar a realidade, favorável ou adversa;
• Reforçar o que levar na mochila (da mente e do coração).
E - Orientações práticas - definir previamente:
• Em que horário será feita a visita;
• Como se portar (postura pessoal, inclusive vestuário);
• O que evitar; como se apresentar;
• O que perguntar;
• O que observar e mais tarde anotar;
• Convidar para uma ação, se for um dos motivos da visita;
• Que material deixar...
F – Avaliar a visita – que signifi ca: examinar a coerência entre o que se queria e o que se fez, com a convicção de que, quem pensa sobre o que faz, faz melhor.
• Reunir todos que participaram da visita, para partilha e testemunhos;
• Levantamento dos pontos que deram certo e os que não deram certo;
• Destacar pessoas visitadas que despontaram, para serem cuidadas, em seguida;
• Identifi car onde houve falhas, coletiva e individual, com intuito de aperfeiçoar o plano;
• Registar as anotações de dados, falas, curiosidades, reações;
• Fazer a sistematização coletiva das informações e do aprendizado.


“Se a militância não sobe o morro,
o morro não invade o asfalto”